Recentemente fui convidado pelo jornal O Tempo a criar uma receita que usasse a couve como estrela de um prato.

Na hora minha cabeça começou a fritar. A repórter foi bem clara: Pense em algo BEM criativo! Então, me lembrei de um prato que eu comi poucas vezes na infância, mas que sempre me marcou.

Meu tio Paulo Cézar sempre fazia pratos incríveis nos encontros que tínhamos na família e, em todos eles, ele sempre trazia uma ideia diferente ou um ingrediente que ele encontrou numa vendinha, que ganhou de um vizinho, que colheu no mato…

Num desses encontros ele fez Pirão na folha de bananeira. Gente, isso deve ter pelo menos uns 20 anos e me lembro perfeitamente do dia.

Ele esquentava as folhas de bananeira na chama do fogão, cortava em quadrados e recheava com um pirão de frango. Depois enrolava, amarrava um barbante nas pontas formando tipo um bombom e assava. Ficava divino! Mas tinha um pequeno problema: Nunca era suficiente. Sabe como é, família grande, todo mundo come muito e eu e meus primos com aquela fome infinita de pré-adolescentes, sempre queríamos mais e deixávamos a mesa #chatiados

Vinte anos se passaram e resolvi usar este prato como inspiração, mas com um importante detalhe: eu ia fazer dezenas, centenas, milhares deles só para matar minha vontade avassaladora acumulada nesse tempo todo.

Fiz alguns testes e adaptações e cheguei nessa maravilha: Couve recheada com pirão de frango caipira e molho de pimenta agridoce.

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Depois de fazer essa receita, entendi porque meu tio não fazia muitos. Dá um trabalho danado enrolar dezenas dessas trouxinhas. Mas é uma receita ideal para poucas pessoas comerem bem.

Confira a matéria e minha entrevista aqui e a receita aqui. Ah, no link tem mais três receitas que outros chefs criaram também.

Abraços nostálgicos,

Felipe Tavares

PS: Sim, eu comi uns 30!