Você nasceu pra cozinha?
425 de novembro de 2015 por Felipe Tavares
A cada programa de gastronomia que estreia na TV ou, a cada novela da Globo que tem um chef de cozinha (bonito/rico/pegador, não se esqueça), a história se repete: as faculdades de gastronomia lotam de interessados no curso.
Quando eles chegam é aquela festa: uniformes lindos, um case de utensílios repleto de 15 tipos de facas e 8 fouets diferentes e muita disposição.
Maaas, quando começam os eventos, as ofertas de estágios e empregos, muitos vão ficando pelo caminho: “Nossa, não aguento ficar em pé dois dias seguidos por 12h”; “Eu lavar panela?”; “Carregar esse tanto de caixa, sozinho?”.
Muitos dizem que a culpa está na formação profissional, seja ela superior ou de capacitação. Mas para mim, o grande erro está no perfil das pessoas que acabam entrando nesta profissão por moda ou por achar que cozinha é um lugar repleto de amor e harmonia.
Realmente a cozinha é um lugar repleto de amor (ouuun <3) e a harmonia (na maioria das vezes, só entre os ingredientes). Mas só aqueles que acreditam realmente no que fazem, conseguirão sentir isso. Existe uma venda que te cega antes de você conseguir enxergar essas coisas bonitinhas aí. Ela se chama ralação, horas sem dormir, dedicação, pernas e pés inchados (ah, com varizes também), ficar fora de casa por longos períodos…
Nenhum curso consegue enfiar dentro da cabeça de um aluno essas características e não podemos exigir isso – lembrando que eu trabalho numa faculdade de Gastronomia. Podemos falar, demonstrar e levá-los para a prática, mas não conseguimos virar a chave na cabeça deles se eles não estiverem dispostos e não tiverem o perfil.
Porquê em qualquer restaurante estrelado do mundo existe uma fila de espera de estagiários dispostos a largarem tudo e trabalharem DE GRAÇA por 14h? Porquê existem crianças de 10, 12 anos fazendo defumação de peixe, coulis de pimentão vermelho e cérebro num MasterChef Júnior? Por amor, dedicação e empenho.
Elas não estão surfando na onda do glamour, essas pessoas aí acreditam no ofício, estudam, se sacrificam, pois sabem que a caminhada vai ser longa e muito, muito dura. Porra uma criança fazendo massa fresca ou uma ile flottante melhor que muito cozinheiro profissional? De onde saiu isso, o que tá com teseno, sem or?
A profissão entrar na moda tem muitos lados positivos. Gera o debate, expansão de vários setores, programas (te amo, Chef’s Table), filmes (vem logo, Burnt) e ajuda a nos livrar do estigma de malandros que vários de nós já recebemos. Mas neste feijão, tem muitas pedras que devem – e serão – peneiradas ao longo do tempo.
Abraços (em todos os participantes do MasterChef Júnior),
Felipe Tavares
clap clap clap
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Adoro seus ótimos posts. Os iniciantes precisam desse alerta. Aproveitei e copiei (o que tá com teseno sem or? )
Enviado por Samsung Mobile
Obrigado, Gláucia! Precisam mesmo!
É tudo nosso, pode copiar à vontade! hahah
bjo