Tiradentes – A eterna saga

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8 de setembro de 2017 por Felipe Tavares

Este ano fui convidado mais uma vez para integrar a equipe do restaurante Xapuri naquele que é o maior festival gastronômico do país, o Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes.

Em 2015, escrevi dois textos sobre a experiência surreal que tive lá (clique aqui e aqui para ler) e eu havia jurado para mim que não voltaria lá a trabalho, que foi um sonho realizado, mas que era humanamente impossível eu fazer isso de novo com meu corpo, mente, fígado, braços, mãos e pernas.

Mas foi só o chef Flávio me mandar uma mensagem: “Boa tarde, vamos para Tiradentes?” que tudo foi por água abaixo. Como dizem por aí “Dessa água não bebereis, me afogareis”.

Esta curta mensagem teve um efeito devastador em mim. O corpo tremeu, as mãos suaram, as lembranças brotaram na cabeça e a adrenalina foi a mil: “CLARO! Partimos que dia?”

Restava a parte mais difícil. Explicar para minha esposa porquê eu voltaria para mais uma edição do “Walking Dead Tiradentes” sendo que eu havia falado que nunca mais poria os pés lá.

É impossível tentar explicar para uma pessoa que não é da área o que acontece neste evento. Estou tentando com este texto, mas me faltam palavras para descrever.

O que nos faz deixar o conforto do nosso lar para viajar 200km, trabalhar 14h/dia durante quase 8 dias sem dormir mais de 4h seguidas? Já te aviso que não é só pelo dinheiro.

Talvez a aura da cidade nos afete, o frio congele nossos neurônios e a privação de sono aliada ao excesso de álcool trabalho torne tudo mágico.

É a oportunidade de você olhar para o lado e ver dezenas de cozinheiros com o mesmo propósito que o seu; é ver os chefs que você admira e respeita ali do seu lado comprando comida com você e compartilhando suas experiências. É ir para a Casa da Insanidade Mental e viver coisas inimagináveis ou até mesmo ficar na porta dela bebendo com vários outros colegas de profissão trocando experiências, contando repetidas vezes os sufocos diários, o pulo do gato que cada um usa para não ter tanta dor nas pernas e pés. E é acordar no dia seguinte para fazer tudo isso de novo, em looping eterno só que mais cansado ainda.

Talvez sejamos todos uns viciados, no melhor estilo do filme Trainspotting. Não podemos viver sem esta adrenalina, sem esta cidade e sem esta v1d4 l0c4.

 

Mas, mais que tudo isso, é o sentimento que temos de fazer parte do todo, de viver a gastronomia na pele e na alma, de fazer parte da história atual e saber que ali estão sendo traçadas alianças, parcerias e amizades que trarão um novo futuro para a nossa gastronomia.

Obrigado Festival de Tiradentes por ser algo tão fundamental e obrigatório na formação de todos nós cozinheiros. Mas ano que vem eu não volto.

Abraços de viciado,

Felipe Tavares

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2 pensamentos sobre “Tiradentes – A eterna saga

  1. flavio Trombino disse:

    Felipe ,muito bom! Já estou pensando no ano que vem kkkkkk

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